CBN Tocantins
A OUTRA MARGEM DO RIO | 6 de Julho de 2015
A história do distrito de Luzimangues traz já duas décadas de histórias e lutas
luzimangues

Mais por obrigação do que por costume, essa série teria de começar com a história de Luzimangues. É impossível entender no que o distrito se transformou hoje, com tantos problemas e potencialidades, sem virar o retrovisor para as últimas três décadas. É um erro, por exemplo, afirmar que a história do distrito corre paralela à história de Palmas. Elas se encontraram e caminharam juntas até certo ponto e depois cada qual tomou seu norte. Antes de 1988, antes de o Tocantins ser criado, tanto a margem direita como a margem esquerda do rio Tocantins, nesta região onde estamos, não passavam de cerrado cortado pelo arame farpado das grandes e pequenas propriedades. O desenvolvimento seguia o eixo da BR-153, e fora dele algumas cidades importantes do ponto de vista cultural e histórico, mas já em declínio econômico. Porto Nacional era a que melhor representava esse grupo.

Na futura localização de Luzimangues, no começo da década de 1980 Maria de Melo, mulher de um fazendeiro, criou uma escola informal com objetivo de alfabetizar e ensinar  operações básicas aos filhos dos lavradores. Em 1983, para evitar o difícil deslocamento dos alunos até a escola improvisada, os pais decidem construir casasonde os estudantes pudessem ficar, pelo menos nos dias de semana. Foi o primeiro núcleo populacional. O ensino formal chega em 1985, com a prefeitura de Porto encampando a escola e dando força ao povoado.

Vem a criação do Tocantins em 1988 e o início frenético das obras de construção de Palmas, sua capital definitiva. Por conta do tráfego que se intensificou no rio Tocantins, em sua margem esquerda surge um povoamento próximo de onde as balsas encostavam para embarcar e desembarcar os veículos. Porto da Balsa foi o nome dado ao lugar. Foi lá que uma mulher ganhou uma cadeira na câmara da Capital e um nome que a acompanharia pelo resto da vida. Maria da Balsa guarda viva na memória o surgimento da pequena vila.

O território só seria transformado em distrito no ano de 1993, com área de 960 quilômetros quadrados. Inicialmente batizado de “Mangues”, o nome Luzimangues foi sugerido pela educadora pioneira, professora Maria de Melo, explica o primeiro vereador de Porto Nacional eleito pelo distrito, João José Justino.

Se o impulso inicial na história de Luzimangues foi a implantação de Palmas, o seguinte e mais impactante foi a formação do lago da usina hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães. Aquele arranjo habitacional do começo da década de 1980 ficou submerso, assim como o Porto da balsa. Oitenta e nove famílias que moravam na área impactada tiveram de ser realocadas. A Investco, empresa administradora da usina, comprou uma fazenda e a   transformou no reassentamento Luzimangues, para onde foram levadas essas pessoas. Ali cada família recebeu uma casa de alvenaria e um pedaço de terra para cultivo e criação de animais. Segundo Elizângela Cunha, presidente da associação dos chacareiros do distrito, foram tempos fartos enquanto a Investco dava assistência aos moradores, mas que tudo mudou quando a ajuda cessou.

Segundo informações da sub-prefeitura de Luzimangues, hoje de cada dez moradores do distrito só dois ainda moram na zona rural, sintoma do processo de urbanização deflagrado em meados da década passada. Mudanças que enchem de alegria quem nasceu e ainda mora no Luzimangues, como a ex-ribeirinha Maria Balsa. (Gleydsson Nunes)

 

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