CBN Tocantins
INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE | 20 de Abril de 2015
Estudantes encontram dificuldades para terminar a graduação
UFT
estudantes

Desde 2012 as universidades federais brasileiras devem destinar vagas para estudantes de origem indígena, segundo a Lei de Cotas, que também é válida para negros e pardos. Mas no Estado, a Universidade Federal do Tocantins reserva para indígenas, 5% das vagas de cada curso da instituição, desde 2004. Atualmente um total de 286 estudantes de diferentes etnias do Tocantins e de outros estados estão vinculados a cursos da UFT.

É fato que graças à politica de cotas, o acesso de estudantes indígenas a cursos de formação superior aumentou. Mas apesar de conseguirem entrar na universidade, boa parte desses estudantes não consegue concluir a graduação. Saídos das aldeias para a universidade, esses alunos se deparam como inúmeros problemas, como a dificuldade de estudar em outro idioma e a falta de recursos financeiros para se manterem durante a graduação. Eles enfrentam ainda o preconceito dentro da própria universidade e o abandono por parte de órgãos responsáveis pela assistência deles, como é o caso da Fundação Nacional do Índio, Funai. Diante dessas condições, os estudantes que não desistem da graduação, podem passar anos se arrastando pelos cursos.

Foi o que demonstrou as pesquisas realizadas pelo antropólogo Adriano Castorino, que estudou a política de cotas para indígenas na UFT, durante mestrado e doutorado.

Segundo Adriano Castorino, ofertar vagas para estes alunos não é suficiente. É necessário que a essa entrada se sigam políticas de assistência durante a graduação, que garantam não só a permanecia na universidade, mas a conclusão do curso.

O estudante indígena do quarto período de Direto da UFT, pertencente à etnia Xerente, Felipe Tkibumra confirma a necessidade de suporte. Ele entrou na universidade através do sistema de cotas e embora tenha saído da aldeia ainda criança para estudar e tenha certa familiaridade com o método de ensino aplicado nas cidades, diz ter enfrentado dificuldades de adaptação e sentido a ausência de apoio tanto por parte da universidade quanto por parte da Funai.

A Funai, responsável por promover e proteger o direito dos povos indígenas, inclusive os direitos sociais, é também a responsável por fornecer as declarações necessárias para que estudantes indígenas possam concorrer as vagas por cotas na UFT. Mas segundo Felipe, não existe um acompanhamento por parte do órgão depois que os estudantes indígenas entram na universidade. Procurada para falar sobre o assunto, a Funai no Tocantins se recusou a dar entrevista. A assessoria do órgão que fica em Brasília também não forneceu informações até o fechamento dessa matéria.

Já a UFT, possui programas e ações de assistência aos alunos indígenas, mas que ainda parecerem estar distantes dos alunos. Felipe conta que nunca chegou a conhecer o aluno responsável pela monitoria indígena, que deveria dar suporte aos estudantes indígenas com dificuldades relativas ao conteúdo das disciplinas. No momento o apoio institucional com o qual Felipe conta é financeiro, uma Bolsa Permanecia oferecida pelo Ministério da Educação, no valor de 900 reais. Dinheiro esse que para muitos estudantes não é suficiente para viver numa capital com alto custo de vida.

Segundo Adriano Castorino, um dos problemas que faz com essa situação permaneça dentro da universidade é o fato dela não reconhecer a diferença desses alunos.

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